Fotograma de "A Comédia de Deus" (1995)
É bem sabido que João César Monteiro optou pela vocação cinematográfica pondo de lado a vocação literária. A sua primeira manifestação pública autoral foi de facto um livro de poemas, Corpo Submerso, publicado em 1959 numa edição de autor. O destino que deu a esse livro, conta Vítor Silva Tavares no Intróito Inaugural do primeiro volume da Obra Escrita (editada pela Letra Livre), não foi nada benevolente: retirou-o da circulação com “gana exterminadora”, da qual se salvaram uns pouco exemplares, graças a uma operação clandestina de salvamento que Luiza Neto Jorge achou por bem efectuar. Terá uma edição à parte, de tiragem reduzida e fora do comércio, legitimada — acrescenta o organizador desta Obra Escrita — pelo facto de alguns desses poemas terem sido incluídos, com a autorização do autor, no livro-catálogo que a Cinemateca lhe dedicou em 2005.
A Obra Escrita do cineasta terá cinco volumes. É obra. O próprio Vítor Silva Tavares, que foi editor dos três pequenos livros de César Monteiro na & etc. (Morituri te Salutant, de 1974; Le Bassin de John Wayne seguido de As Bodas de Deus, de 1977; Uma Semana Noutra Cidade — Diário Parisiense, de 1999), manifesta a supresa de, no trabalho de recolha, ter encontrado tanto material: crítica e escritos sobre cinema, polémicas, guiões, sinopses, etc. Neste primeiro volume incluiu Vítor Silva Tavares os escritos (guiões, mas não só) para as primeiras obras cinematográficas de João César Monteiro: Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço — Um Provérbio Cinematográfico, de 1970, Fragmentos de um Filme-Esmola / A Sagrada Família, de 1972, Veredas, de 1977, e Silvestre, de 1981.
Retirado de: Público
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